CAPITULO 5 – MELHOR QUE MORTOS
13 de Fevereiro de 2008 – 05:00 hrs. – Hospital & Centro Cirúrgico de Londres
Tom estava deitado sobre uma maca dura, em um quarto um tanto quanto pequeno e frio quando uma enfermeira o chamou baixinho. Ele percebeu então que acabara de acordar.
- Sr. Fletcher? – A enfermeira idosa e gordinha disse com carinho. – O senhor já está bem, foi um milagre ter sobrevivido à um acidente tão perigoso como foi aquele.
Tom ignorou as palavras dela.
- E os outros meninos? E a Gabriella? Estão todos bem? O Danny ta vivo? O que houve com a perna do Doug? O braço do Harry? O crânio da Gabriella... – Ele bombardeou-a com perguntas desesperadas.
- Sr. Fletcher. – A mulherzinha ficou séria e triste. – O Dr. Johnson está vindo para lhe explicar tudo.
A mulher deu as costas para Tom e saiu amuada do quarto, parecia estar andando ao lado de um caixão. Então Tom fechou os olhos e começou a mergulhar em sua mente desesperada.
‘Quem será que morreu? Danny? Danny... Você é tão talentoso, e... Pode até ser meio doidinho às vezes, mas lá no fundo, você sabe que pra mim você é muito mais que um amigo, é meu irmão. Dougie? Provavelmente não morreria, apenas machucou a perna... Harry? A mesma coisa. Gabriella?’ Uma lágrima grossa escorreu pelo rosto de Tom, e um soluço acompanhou-a. ‘Não pode ser, aquele bêbado do Danny... E o Harry fazendo birra... Matamos uma fã’. Ele soluçou outra vez. ‘E foi justo aquela pela qual eu me encantei.’
Tom começou a rever em sua mente a primeira vez que havia visto Gabriella na Starbucks café, e de como conversara feliz com ela algumas horas antes do acidente.
- Sr. Fletcher? – Ele fora interrompido. Quando viu aquele médico já o imaginou dizendo que todos estavam bem, tudo estava ótimo e que nada de mau havia ocorrido.
- Sim. – Tom se sentou na cama, um pouco tonto.
- Bom dia. – O médico lhe estendeu a mão. – A enfermeira me disse que queria saber informações sobre seus amigos.
- Sim. – Ele assentiu com a cabeça.
- Pois bem, Sr. Fletcher... – O médico começou a observar sério a sua prancheta marron. – Sobre o Sr. Judd, tenho a dizer que é tão sortudo quando tu és. Apenas machucou o braço, foi uma fratura de médio risco, mas nada muito grave, o operamos assim que chegou, logo ele vai acordar, está no quarto à sua esquerda, caso queira visitá-lo.
Tom assentiu.
Parecia que uma tonelada havia sido tirada das costas de Tom. ‘Harry está bem’. Ele pensou feliz.
- Sr. Poynter, este foi sim um caso grave. Um pedaço de árvore entrou pelo vidro aberto do carro e caiu em cima da coxa dele, vai entrar na cirurgia daqui quinze minutos, é que primeiro tivemos que fazer vários exames, ele talvez perderá o movimento dos pés, mas se perder, perderá por algum tempo. Ficará bem dentro de um ano.
‘Dougie também está bem.’ Tom respirou fundo, outra boa notícia.
- Quanto ao Sr. Jones... – O médico tinha uma voz de pena agora. – Esta na sala de cirurgia desde a hora em que chegou, e o estilhaço de vidro está em um lugar muito crítico em seu pulmão. Mas há alguma esperança, temos médicos ótimos aqui, e com certeza do Sr. Jones ficará bem.
‘Ficará bem, pelo menos é melhor do que ‘Esta Morto’. Tom sorriu para si mesmo. ‘Ficará bem, ficará’.
- E agora... O nosso caso mais grave... A Srta. Gabriella. Não se preocupe Sr. Fletcher, já entramos em contato com Mellany Wilsh, a tutora de Gabriella, e a Sra. Mellany chega à Londres daqui dois dias. O caso de Gabriella, provavelmente ela estava andando na estradinha quando o carro capotou e passou por cima dela.
- Por cima? – Tom arregalou os olhos, imaginando que cena horrível foi aquela.
- Ela não perdeu massa encefálica, e o sangramento no crânio não foi grave, o grave foi que ela bateu a coluna quando caiu no chão.
Tom já sabia as próximas palavras.
- Ela vai ficar paralítica. – Tom e o médico disseram juntos.
- Sim, isso mesmo Sr. Fletcher, estamos dando o nosso melhor na cirurgia da coluna, e ela terá de fazer muitas e muitas sessões de fisioterapia, mas provavelmente o final dela não será tão feliz quando o seu e de seus colegas de banda. Tenha um bom dia.
O médico já tinha ido embora quando Tom lembrou-se de que ia perguntar onde Doug e Danny estavam.
Havia um espelho pendurado na parede ao lado de Tom, ele olhou o reflexo ali. Um garoto branco, loiro, olhos castanhos. Um semblante triste, no qual lágrimas grossas mescladas com soluços de desespero corriam por todo o quarto. A voz suave, as mãos que tocavam tão bem o piano estavam contraídas contra o rosto branco, tudo ali era tão deprimente, e o mundo parecia ter acabado ali, naquela noite, na qual Harry quis fazer uma birra para dirigir rápido na chuva, onde Danny estava semi-bêbado e nem sabia o que estava fazendo, na noite que Dougie cantava feliz no banco de trás, na noite em quem ele estava pensando na garota dos seus sonhos.
Já eram duas da tarde quando uma servente trouxe o almoço no quarto para Tom, ela entrou, deixou a bandeja e saiu, e Tom continuava em pé diante da janela, olhando hipnotizado para a multidão de fãs que carregavam cartazes desejando melhoras para ele e seus amigos na porta do hospital.
Tom sentou-se na cama, que agora era de outro quarto. Um quarto grande, que mais parecia um pequeno apartamento de classe alta. Ele ligou a televisão, em todos os canais estavam fotos dele e de sua banda, os repórteres mandavam notícias da porta do hospital, as fãs choravam e gritavam por todo o mundo, e toda aquela bagunça por causa de uma bobeira.
- Tom? – Aquela foi a visão mais feliz dele nos últimos dias. Harry estava de pé na porta do quarto, com o braço engessado e um rosto pálido, a barba feita e os cabelos penteados com um pouco de gel.
- Harry... – Tom correu para junto do amigo, abraçando-o com todo o carinho que tinha dentro de si.
As palavras tornaram-se inúteis naquele momento, onde Harry e Tom estavam abraçados naquele quarto, as lágrimas de um escorriam pela pele do outro, e o silencio pesava como uma rocha gigante sobre suas costas.
- Tom... – Harry se afastou de Tom, sentando-se na cama. – Você já sabe do Danny?
- O que houve com ele agora? – Tom se aproximou de Harry como medo de ouvir a resposta.
- Ele saiu do centro cirúrgico, e felizmente conseguiram tirar o estilhaço, quase 12 horas de cirurgia... Mas ele está bem, talvez só acorde mesmo amanhã cedo, e o Doug já esta no quarto, a gente podia ir vê-lo, o que acha? – Harry sorriu levemente.
- É... é o melhor a fazer. – Tom desligou a TV, abandonou a comida esfriando em cima da cama e foi até o quarto ao lado do seu, quando entrou, teve outra visão feliz, e as coisas finalmente pareciam estar se tornando normais depois de todo aquele susto.